A Mostra Um Lugar ao Sol pretende reunir as obras brasileiras
recentes mais significativas que têm a cidade como base de suas inquietações,
sejam ficções ou documentários, longas ou curtas-metragens. A maioria desses
filmes circulou pouco pelo circuito exibidor, restringindo o acesso a obras
importantes que merecem ser vistas e revistas e cujo encontro desenha diversos
pontos de intersecção que estimulam o debate.
Além
das projeções, a mostra contará com a presença de cineastas para comentar e
discutir sobre os filmes e promover uma oficina de produção de imagens. A ideia
é abordar os filmes não apenas como representações da cidade, mas perceber de
que maneira as formas espaciais que eles armam e o modo como constroem o espaço
na imagem são também gestos que fazem variar o espaço inscrito.
PROGRAMAÇÃO
dia 7/8 - terça
15h Em trânsito
+ Um lugar ao sol
17h Nunca é
noite no mapa + Riocorrente
19h Era o Hotel
Cambridge + debate com a corroteirista
Inês Figueiró e a atriz Carmen Silva (mediação de Elen Döppenschmitt)
dia 8/8 - quarta
15h Mate-me por
favor
17h Estamos
todos aqui + Avenida Brasília Formosa
19h Aquarius
dia 9/8 - quinta
15h Entretempos
+ Riocorrente
17h Campo Grande
19h Na missão,
com Kadu + Banco imobiliário + debate com o cineasta
Miguel Antunes Ramos (mediação de Mariana Queen Nwabasili)
dia 10/8 - sexta
15h00 O som ao
redor
17h30 Mate-me por
favor
19h30 Aluguel: o
filme + A cidade é uma só? + debate com o cineasta
Lincoln Péricles (mediação de Natalia Christofoletti Barrenha)
dia 11/8 - sábado
15h00 Casa grande
17h30 Mesa-redonda
com Cecília Mello, Marília-Marie Goulart e Regiane Ishii
19h30 Fotograma +
Obra _Sessão
com legenda descritiva (LSE)
dia 12/8 - domingo
15h00 Rap, o canto
da Ceilândia + Branco sai, preto fica
17h00 Esse amor
que nos consome + debate com o diretor (mediação
de Mariana Duccini)
19h30 Jovens
infelizes ou um homem que grita não é um urso que dança
dias 14, 15 e 16/8 - terça, quarta e quinta
16h Oficina: ‘Por um lugar de subjetividade da imagem na cidade’, com Paula Nogueira
Ramos (documentarista,
montadora, fotógrafa e educadora no Programa Educativo da Fundação Bienal de
São Paulo). Atividade gratuita com emissão
de certificado. Inscrições através do e-mail buenaondaproducoes@gmail.com até o
dia 13 de agosto
SINOPSES E FICHAS TÉCNICAS
A cidade é uma só?
(Brasil, 2012, 73min, 10 anos)
direção: Adirley Queirós
“Daí eu pensei em como fazer um filme agradável, legal e
gângster: Brasília, I love you”. Foi assim que Adirley Queirós introduziu a
primeira exibição pública de A cidade é uma só?, na Mostra de Cinema de
Tiradentes, em 2012, onde o filme venceu o Prêmio da Crítica. Uma reflexão
sobre os 50 anos de Brasília e o processo permanente de exclusão territorial e
social que uma parcela considerável da população do Distrito Federal e do
entorno sofre, e de como essas pessoas restabelecem a ordem social através do
cotidiano. Seu ponto de partida é a chamada Campanha de Erradicação de Invasões
(CEI), que, em 1971, removeu os barracos que ocupavam os arredores da então
jovem Brasília. Tendo a Ceilândia como referência histórica, os personagens do
filme vivem e presenciam as mudanças da cidade.
Aluguel: o filme
(Brasil, 2015, 16min, livre)
direção: Lincoln Péricles
Os dilemas de um jovem cineasta da periferia paulistana –
da falta de água à de transporte e de grana. O filme liga imagens e sons, desde
Longe do Vietnã (vários diretores, 1967) até um episódio de Chaves, ao
cotidiano do protagonista, que pensa em se mudar desse apartamento em que está
constantemente apertado pelo enquadramento forjado pelas paredes estreitas e
pelas grades, de onde ele sai para ser novamente apertado no metrô. Como nas
outras produções de Péricles, o filme traz um discurso enérgico contra os
poderes instituídos e a afirmação de uma perspectiva periférica, desenvolvida à
margem dos processos hegemônicos, buscando ao mesmo tempo fortalecer, tensionar
e atualizar o “cinema da quebrada” que se faz hoje no Brasil.
Aquarius
(Brasil/França, 2016, 146min, 16
anos)
direção: Kleber Mendonça Filho
Clara mora de frente para o mar no Aquarius, último
prédio de estilo antigo da av. Boa Viagem, no Recife. Jornalista aposentada e
escritora, viúva com três filhos adultos e dona de um aconchegante apartamento
repleto de discos e livros, ela irá enfrentar as investidas de uma construtora
que tem outros planos para aquele terreno: demolir o Aquarius para levantar um
novo empreendimento. Com todos os apartamentos vizinhos já vendidos, Clara
entabula uma espécie de “guerra fria” com a empresa, um confronto que será tão
misterioso como angustiante. Tal tensão perturba a protagonista e seu cotidiano
e a faz pensar em seus seres queridos, seu passado e futuro.
Avenida Brasília Formosa
(Brasil, 2010, 85min, livre)
direção: Gabriel Mascaro
No limite com a ficção, o documentário acompanha os
eventuais cruzamentos de quatro personagens do bairro de Brasília Teimosa, no
Recife. Fábio, garçom e cinegrafista, registra importantes eventos na
vizinhança. Em seu acervo são encontradas raras imagens da visita do presidente
Lula ao local. Fábio é contratado pela manicure Débora para fazer umvideobook –
ela vai tentar uma vaga no Big Brother – e também é o responsável por gravar o
aniversário de cinco anos de Cauan, fã do Homem-Aranha. Outra história é a do
pescador Pirambu, que vive em um conjunto habitacional construído pelo governo
para abrigar ex-moradores das antigas palafitas, que deram lugar à Avenida
Brasília Formosa. O filme constrói um rico painel sensorial sobre essa
arquitetura e faz da avenida uma via de encontros e desejos.
Banco imobiliário
(Brasil, 2016, 65min, livre)
direção: Miguel Antunes Ramos
Brian caminha por seu bairro de infância, procurando
novas áreas para uma incorporação imobiliária. Romeo, em um escritório
envidraçado, desenha uma estratégia de marketing. Carla planeja novos
investimentos vendo a cidade do alto. Um jogo de tabuleiro. Uma imagem de
futuro. Um projeto de cidade. O filme investiga o fenômeno do “mercado
imobiliário” por meio das pessoas que trabalham diretamente nele, tomando para
si a tarefa clara de se aproximar de um setor para tentar compreender seu
funcionamento e modo de expressão. Um sistema que tem como matéria-prima a
voracidade espacial, mas que se realiza, em sua expansão, a partir de um modo de
falar.
Branco sai, preto fica
(Brasil, 2014, 90min,12 anos)
direção: Adirley Queirós
O filme cria suas imagens e sons a partir de uma história
trágica: dois homens negros, moradores da periferia de Brasília, ficam marcados
para sempre devido à ação criminosa da polícia racista e territorialista da
Capital Federal, que invade um baile black. Tiros, correria e a consumação da
tragédia: um homem fica para sempre na cadeira de rodas, o outro perde a perna
após um cavalo da polícia montada cair sobre ele. Um terceiro homem vem do
futuro para investigar o acontecido – e provar que a culpa é da sociedade
repressiva. Essa história não é contada de maneira direta e pretensamente
objetiva; os personagens querem fabular, querem outras possibilidades de narrar
o passado, abrindo para um presente cheio de aventuras e ressignificações,
propondo um futuro.
Campo Grande
(Brasil/França, 2016, 108min, 10
anos)
direção: Sandra Kogut
Certa manhã, duas crianças são deixadas em frente à
portaria de um prédio em Ipanema, sem nenhuma explicação a não ser um pedaço de
papel com o nome e o endereço de Regina, a dona da casa. Em nenhum momento as
crianças duvidam que sua mãe voltará para buscá-las. A chegada das crianças ao
mundo de Regina – e suas tentativas de lidar com elas – transformará
profundamente as vidas de cada um deles. Quem são essas crianças, e como foram
parar ali? À medida que responde essas perguntas, o filme fala também da
complexa relação entre patrões e empregados dentro de casa, onde dividem ao
mesmo tempo intimidade e lutas de poder.
Casa grande
(Brasil, 2014, 117min, 14 anos)
direção: Fellipe Barbosa
Este filme coming of age explora questões de classe e
privilégio através da história de Jean, um adolescente rico que luta para
escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos, ao mesmo tempo que
procura entender as transformações do mundo à sua volta. Assiste-se à
revelação, em dolorosas etapas, da debacle até agora silenciosa e sigilosa, que
seu pai (um executivo do ramo financeiro desempregado) ocultou, vivendo de
empréstimos dos amigos e se esforçando para manter o padrão e a postura dos
tempos de vacas gordas. Em meio a esses problemas, Jean, agora sem motorista
particular, tem a possibilidade de conhecer a cidade e quem a habita de outras
maneiras, precisando confrontar, também, as contradições da casa-grande.
Em trânsito
(Brasil, 2013, 18min, livre)
direção: Marcelo Pedroso
O curta-metragem reflete sobre o aumento do número de
carros na cidade do Recife, utilizados pela classe política como exemplo de
crescimento e progresso, mas que comprometem seriamente a organização do
espaço, a vida das pessoas e o futuro radiante prometido por Geraldo Júlio,
candidato a prefeito da cidade com grande apoio do então governador Eduardo
Campos – figura explicitada e reiterada, assim como a da ex-presidenta Dilma
Rousseff, que se faz presente através da voz. No meio de tudo, o transeunte
Elias tem seu barraco destruído por uma empreiteira que está construindo um
viaduto e passeia entre manifestações, presencia sonhos de consumo e rege uma
orquestra cuja trilha sonora embala os sonhos de um Estado no qual o símbolo de
sucesso se transformou em símbolo de caos.
Entretempos
(Brasil, 2015, 7min, livre)
direção: Yuri Firmeza e
Frederico Benevides
Uma expedição arqueológica entre imagens do futuro e sons
do passado. Ou seria o contrário? Trabalho realizado a partir das pesquisas
acerca do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e das imagens projetivas de
cidades cujos figurantes são quase todos brancos, formados por uma estrutura
familiar tradicional, vestidos com seus paletós e ternos na “cidade tropical”.
Os figurantes são, na verdade, bonecos que reaparecem na composição da
paisagem. Além de pensar os figurantes como paisagem, o filme busca atentar
para que tipo de cidade é performada através destas imagens assépticas que
vendem uma cidade idílica. Como contraponto, o som de caixeiras quilombolas
fricciona esse espaço portuário da cidade do Rio de Janeiro, que é conhecido
como Pequena África.
Era o Hotel Cambridge
(Brasil/França, 2016, 99min, 12
anos)
direção: Eliane Caffé
Em busca de lugar para morar, refugiados recém-chegados
se unem a trabalhadores e famílias sem-teto em uma ocupação no centro de São
Paulo. Juntos, transformam um edifício abandonado, o antigo Hotel Cambridge,
num gigantesco palco de luta e experiências tragicômicas. Apesar do preconceito
mútuo, as lideranças se unem e põem em prática estratégias inusitadas para
driblar os problemas da vida coletiva. Assim, nesse mundo de Babel,
orquestram-se os mutirões de limpeza e de manutenção, as saídas para o
“shopping rua” – como é chamada a coleta de móveis e objetos em bom estado
colocados no lixo –, as assembleias, as rodas de conversa e bebida, os amores e
até as chamadas por Skype com os parentes deixados no outro lado do mundo.
Esse amor que nos consome
(Brasil, 2012, 80min, 12 anos)
direção: Allan Ribeiro
Gatto e Barbot são companheiros de vida há mais de 40
anos e acabam de se instalar em um casarão abandonado no centro do Rio de
Janeiro. Ali eles passam a viver e a ensaiar com sua companhia de dança. O
filme articula temas do real (a sobrevivência da companhia, as questões raciais
e urbanas) com elementos do fantástico/religioso (o Exu que protege a casa) e
da poesia (os corpos que saem do espaço fechado e ganham as ruas). Assim, a
luta do dia a dia se mistura à criação artística e à crença em seus orixás.
Através da dança eles se espalham pela cidade, marcando seus territórios.
Estamos todos aqui
(Brasil, 2017, 20min, 12 anos)
direção: Chico Santos e Rafael
Mellim
Expulsa de casa, Rosa precisa de um lar. Enquanto busca
um lugar no mangue para construir seu barraco, o projeto de expansão da zona
portuária avança na direção da Favela da Prainha, em Santos, cujos moradores se
mobilizam diante de um despejo iminente. Com linguagem enérgica que mescla
ficção e documentário, o filme foi desenvolvido a partir de escrita
colaborativa com moradoras da Favela da Prainha, às margens de gigantescas
transações do Porto de Santos (o maior da América Latina), e intersecciona a
luta por moradia ao debate sobre vivências periféricas marcadas pelas questões
de gênero e sexualidade.
Fotograma
(Brasil, 2015, 9min, livre)
direção: Caio Zatti e Luís
Henrique Leal
Uma mulher negra caminha por um bairro de classe média
alta no Recife. Um muro (imenso) e duas câmeras de segurança a separam de um
condomínio de luxo. Fotograma disseca essa imagem cotidiana, buscando pensar
suas inscrições históricas. Aborda os muros com que os favorecidos da estrutura
social buscam afastar não apenas os “outros”, mas também seu olhar, e vai
construindo uma história que remonta às origens da escravidão nas Américas.
Imagens da cultura e inscrições da barbárie. No muro, duas câmeras de
vigilância, cada uma voltada para um lado, vigiam o mundo que se quer excluir,
mas há, entre elas, um ponto cego. O espaço para a transgressão?
Jovens infelizes ou um homem que
grita não é um urso que dança
(Brasil, 2015, 127min, 16 anos)
direção: Thiago B. Mendonça
“Pra começar de novo é preciso destruir.” Um grupo de
artistas vive na fronteira entre arte e vida. Com teatro, música e performances
em espaços públicos, eles tentam construir uma consciência revolucionária. Os
horizontes rebaixados de uma sociedade cada vez mais autoritária os leva a
buscar um último grande ato estético. Feito com orçamento mínimo, o filme é uma
metáfora da juventude brasileira contemporânea e seus horizontes políticos, e
se inspira em um ensaio de Pier Paolo Pasolini e na poesia do revolucionário
Aimé Césaire.
Mate-me por favor
(Brasil/Argentina, 2015, 105min,
14 anos)
direção: Anita Rocha da Silveira
O filme acompanha o dia a dia de quatro amigas com cerca
de 15 anos: Bia, Mari, Michele e Renata. Entre os desassossegos e prazeres da
idade (intrigas amorosas, curiosidades sexuais, rivalidades, mudanças em seus
corpos, autoimagem, busca de identidade), as garotas enfrentam uma onda de
assassinatos de mulheres jovens no bairro em que vivem, a Barra da Tijuca. O
que começa como uma curiosidade mórbida se apodera cada vez mais da vida das
jovens. Esses dois focos narrativos se entrecruzam e promovem uma oscilação
entre uma abordagem realista, a inserção de momentos de fantasia e de sonho e a
utilização de motivos do coming of age e do horror. Bia, após um encontro com a
morte, fará de tudo para ter a certeza de que está viva.
Na missão, com Kadu
(Brasil, 2016, 28min, 12 anos)
direção: Aiano Bemfica, Kadu
Freitas e Pedro Maia de Brito
Na luta por moradia em Belo Horizonte, no maior conflito
fundiário urbano da América Latina, companheiras e companheiros da região
ocupada da Izidora marcham por moradia digna. Kadu, liderança e cineasta, leva
sua câmera para a manifestação e nela traz de volta alguns registros do dia 19
de junho de 2015. Um militante, sua câmera e seu povo enfrentam o poder dos
cassetetes e das bombas de gás. À beira do fogo ele relembra esse dia, a luta e
o sonho. Com imagens que revelam o conflito e a opressão do aparato policial à
luta por moradia, o filme nos indaga: como resistir? É suficiente produzir
imagens pela sobrevivência? Como o cinema pode atuar em situações de violência?
Nunca é noite no mapa
(Brasil, 2016, 6min, 14 anos)
direção: Ernesto de Carvalho
Um encontro frontal com o mapa nos leva a um passeio
pelos circuitos da simbiose entre ele e as transformações dos espaços na era do
capitalismo digital. Trata-se de um ensaio poético sobre as contradições da
cidade e da sociedade, a partir de um percurso pelas ruas da cidade de Olinda
por meio da ferramenta do Google Street View. A violência urbana, o estado de vigilância
que acompanha as novas tecnologias e as desigualdades são facilmente
identificados, mas são neutralizados pela “imparcialidade” de quem os registra
e disponibiliza. “O mapa não anda, nem voa, nem corre, não sente desconforto,
não tem opinião. Pro mapa não há governo, não há golpe de Estado, não há
revolução.”
Obra
(Brasil, 2014, 80min, 12 anos)
direção: Gregório Graziosi
Na cidade de São Paulo, um jovem arquiteto envolvido na
construção de seu primeiro grande projeto encontra um cemitério clandestino no
terreno, que pertence a seu avô. O engenheiro responsável opta por cimentar a
vala e esquecer o ocorrido. O arquiteto, perturbado, tenta dar continuidade às
suas atividades cotidianas, mas o impacto emocional causado pela inusitada
situação desestabiliza sua coluna e afeta sua profissão. Questionando seu
passado e origens, ele entra em conflito com sua consciência, com a herança
familiar e com a memória da cidade que retorna à superfície. Ao mesmo tempo,
ele espera seu primeiro filho, algo que cria uma expectativa de futuro enquanto
o personagem está intimamente relacionado com a busca pelo seu passado.
O som ao redor
(Brasil, 2012, 131min, 12 anos)
direção: Kleber Mendonça Filho
A vida numa rua de classe média na zona sul do Recife
toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece a paz de
espírito da segurança particular. A presença desses homens traz tranquilidade
para alguns e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa.
Enquanto isso, Bia, casada e mãe de duas crianças, precisa encontrar uma
maneira de lidar com os latidos constantes do cão de seu vizinho. Uma crônica
brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho.
Rap, o canto da Ceilândia
(Brasil, 2005, 15min, livre)
direção: Adirley Queirós
Diálogo com quatro consagrados rappers (X, Jamaika,
Marquim e Japão), que veem na música a única forma de revelar seus sentimentos
e de se autoafirmar como moradores da periferia. O filme mostra suas
trajetórias artísticas e traça um paralelo com a construção da Ceilândia, onde
vivem – são da primeira geração que nasceu nessa cidade. Trabalho de conclusão
de curso de Adirley na Universidade de Brasília (UnB), é a gênese de seu cinema
político, discutindo as diversas formas de opressão (cultural, econômica,
histórica) que Brasília exerce sobre a Ceilândia.
Riocorrente
(Brasil, 2013, 79min, 14 anos)
direção: Paulo Sacramento
Em meio ao turbilhão de São Paulo, um jornalista, um
ex-ladrão de carros e uma mulher misteriosa vivem um intenso triângulo amoroso.
O choque entre seus desejos e o atrito entre as faces opostas da cidade apontam
a urgência de mudanças radicais. Os ambientes onde os personagens circulam (de
galerias de arte a oficinas clandestinas) misturam-se, compondo um quadro
dinâmico da cidade. Há ainda uma criança que transita ao largo de tudo,
raramente interferindo no pulsar vibrante do aglomerado urbano. Ao longo do
filme e em meio às suas engrenagens, São Paulo expõe suas metáforas e
crueldades: feras enjauladas, vandalismo, truques e acidentes. Mas também
válvulas de escape e terrenos neutros. Nesse emaranhado caótico abrem-se opções
à escolha dos protagonistas: a reclusão, a resignação, a violência. Ou ainda o
afeto, a poesia, a mágica.
Um lugar ao sol
(Brasil, 2009, 66min, livre)
direção: Gabriel Mascaro
O documentário aborda o universo dos moradores de
coberturas de prédio de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A ideia partiu de
um curioso livro de circulação bastante restrita que mapeia a classe alta e
pessoas influentes da sociedade brasileira. Uma amostra da elite (da qual o
documentário brasileiro raramente se aproxima) olhando de cima para baixo –
tanto real quanto metaforicamente – a cidade e a sociedade que a cerca. Através
de seus depoimentos, o filme traz um rico debate sobre desejo, visibilidade,
insegurança, status e poder, e constrói um discurso sensorial sobre o paradigma
arquitetônico e social brasileiro.
SERVIÇO
Mostra Um Lugar ao Sol
de 7 a
12 de agosto de 2018
Centro Cultural São Paulo (CCSP) | Sala Lima
Barreto (99 lugares)
R. Vergueiro, 1.000 - Paraíso (estação Vergueiro do
metrô)
Entrada gratuita (a bilheteria será aberta uma hora antes da
primeira sessão do dia)