O CINUSP apresenta de 16 a 31 de julho a Mostra
Mulheres de Vanguarda, com filmes de 12 cineastas que transformaram e
continuam transformando a produção cinematográfica nos Estados Unidos dos anos
1940 até os dias de hoje, ao questionarem as exigências comerciais de Hollywood
de modo a contrapô-las a uma liberdade artística inimaginável para os padrões
das grandes produções.
São diretoras que discutem o papel da mulher na sociedade
e o próprio fazer cinematográfico, abrindo espaço para a discussão de gênero e
da misoginia, para a multiplicidade de temas e para diversas experimentações
formais no nível da imagem, do som, do roteiro, da atuação e da montagem.
No primeiro
dia de mostra, haverá debate com a
pesquisadora Patrícia Mourão, doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela
USP e especialista no cinema realizado pela vanguarda norte-americana, na
sessão das 19h.
PROGRAMAÇÃO
SEGUNDA
16 DE JULHO
16h Maya Deren 1
19h Marie Menken _sessão+debate
TERÇA
17 DE JULHO
16h Carolee Schneemann
19h Sharon Lockhart
QUARTA
18 DE JULHO
16h Amy Greenfield
19h Sadie Benning
QUINTA
19 DE JULHO
16h Marjorie Keller
19h Bette Gordon
SEXTA
20 DE JULHO
16h Su Friedrich
19h Barbara Hammer
SEGUNDA
23 DE JULHO
16h Sharon Lockhart
19h Su Friedrich
TERÇA
24 DE JULHO
16h Bette Gordon
19h Marjorie Keller
QUARTA
25 DE JULHO
16h In the mirror of Maya Deren
19h Maya Deren 2
QUINTA
26 DE JULHO
16h Barbara Hammer
19h Carolee Schneemann
SEXTA
27 DE JULHO
16h Marie Menken
19h Notes on Marie Menken
SEGUNDA
30 DE JULHO
16h In the mirror of Maya Deren
19h Akosua Adoma Owusu
TERÇA
31 DE JULHO
16h Notes on Marie Menken
19h Amy Greenfield
SINOPSES E
FICHAS TÉCNICAS
Akosua
Adoma Owusu
Bus nut EUA/ Gana, 2015, 7'
Me broni ba Gana, 2009, 22'
On Monday of last
week EUA/ Gana, 2017, 14'
Drexciya Gana, 2010, 12'
Akosua Adoma Owusu apresenta a luta
pelo direito ao transporte para a população negra ocorrida em 1955 no Alabama
em Bus nut. Já Me broni ba traz a relação entre as culturas de Gana e dos
Estados Unidos por meio do depoimento de uma garota ganesa que emigra com sua
família. O encontro entre uma babá nigeriana e uma artista plástica são tema da
ficção On Monday of last week, baseado no conto homônimo da escritora nigeriana
Chimamanda Ngozi Adichie. No poético Drexciya, uma piscina abandonada em Gana
faz alusão ao mito criado por uma banda undergound de Detroit segundo o qual
Drexciya é um continente submerso habitado pelos filhos não nascidos de
escravas negras jogadas ao mar.
Amy
Greenfield
Antigone - rites of
passion EUA, 1990, 85'
No primeiro longa-metragem da cineasta
e artista multimídia Amy Greenfield, a tragédia Antígona, de Sófocles, é
encenada sob a visão feminista da diretora. Greenfield substitui o texto
original pela linguagem corporal da dança e concentra o foco da narrativa na
personagem feminina Antígona, desenvolvendo uma releitura bastante rara no
cinema de uma das mais importantes tragédias gregas.
Barbara
Hammer
Sync touch EUA, 1981, 10'
The female closet EUA, 1998, 60'
No curta-metragem Sync Touch a relação
entre os sentidos despertados pelo toque e os despertados pelo próprio fazer
cinematográfico é colocada em questão em uma reflexão sinestésica de Barbara
Hammer sobre o sexo e o lesbianismo. Em The female closet, Hammer apresenta as
diferentes trajetórias das artistas lésbicas Alice Austen, Hannah Hoch e Nicole
Eisenman em um documentário que tem como foco a luta por legitimidade de
mulheres ainda hoje pouco conhecidas pelo público em diferentes momentos
históricos.
Bette
Gordon
Michigan Avenue EUA, 1973, 6'
Empty suitcases EUA, 1980, 49
No curta-metragem Michigan Avenue,
realizado em parceria com James Benning, Bette Gordon provoca o prolongamento
temporal por meio do uso de uma impressora óptica em três cenas que apresentam
uma relação íntima entre duas garotas. Já no longa-metragem Empty suitcases, a
narrativa sobre a vida de uma mulher é problematizada por meio de um trabalho
recorrente de desconstrução de som, imagem, texto e oratória, no qual Gordon
assume questões sobre a representação feminina.
Carolee
Schneemann
Fuses EUA, 1964-66, 22'
Plumb line EUA, 1968-71, 15'
As duas primeiras partes da trilogia
da cineasta e artista multimídia Carolee Schneemann apresentam, por meio da
poética construção da montagem descontínua, fragmentos da própria relação
conjugal da diretora. Do erotismo das relações sexuais em Fuses, a diretora
parte para a crônica do rompimento amoroso em Plumb line.
In
the mirror of Maya Deren
In the mirror of
Maya Deren Áustria/ Suíça/
Alemanha, 2002, 104'
Em In the mirror of Maya Deren Martina
Kudláček revela, por meio de depoimentos de Alexander Hammid, Rita Christiani,
Stan Brakhage, entre outros, a trajetória de uma das mais influentes cineastas
e intelectuais radicadas nos Estados Unidos, Maya Deren, que realiza o primeiro
filme da vanguarda norte-americana do cinema: Meshes of the afternoon, de 1943.
Marie
Menken
Visual variations on
Noguchi EUA, 1945, 4'
Andy Warhol EUA, 1965, 22'
Go Go Go EUA, 1964, 12'
Nestes três curtas-metragens a artista
plástica e cineasta Marie Menken (1909-1970) imprime seu estilo único de
filmar. Em seu primeiro filme, Visual variations on Noguchi, esculturas
abstratas do amigo e arquiteto Isamu Noguchi são filmadas por meio de fugazes
movimentos de câmera, o que se tornaria a característica mais conhecida de sua
obra. Já nos curtas Andy Warhol e Go Go Go, Menken utiliza o single-frame
(técnica que acelera o movimento do filme projetado). Andy Warhol é dedicado à
amizade com o ícone da arte pop e Go Go Go é uma espécie de sinfonia visual da
cidade de Nova York.
Marjorie
Keller
Misconception EUA, 1977, 43'
Daughters of chaos EUA, 1980, 20'
Em Misconception, Marjorie Keller
apresenta fragmentos da vida de um casal prestes a ter a primeira filha por
meio de uma construção baseada na descontinuidade da montagem, apresentando as
dicotomias dos papéis de mãe e de pai. Já em Daughters of chaos, também uma
experimentação com a montagem descontínua, breves impressões sobre a vida de
jovens garotas em sociedade criam tensões entre a instituição do casamento e o
tempo de lazer.
Maya
Deren 1
Meshes of the
afternoon EUA, 1943, 14'
At land EUA, 1944, 14'
Ritual in
transfigured time EUA, 1946, 15'
Os curtas-metragens At land, Ritual in
transfigured time e Meshes of the afternoon permitem ao espectador compreender
os motivos temáticos da dança e o que Maya Deren classifica como “montagem
vertical”: trata-se da construção da poesia no cinema voltada para o instante e
não para a linearidade da narrativa, além da contemplação da própria presença
da realizadora como protagonista dos filmes.
Maya
Deren 2
A study in
choreography for camera EUA, 1945, 3'
Meditation on
violence EUA, 1948, 13'
The very eye of
night EUA, 1959, 15'
Nos três curtas-metragens apresentados
neste programa a relação entre dança e cinema é colocada em evidência. Isso é
realizado por meio da encenação de dançarinos em A study in choreography for
camera e no último filme de Maya Deren, The very eye of night. Já Meditation on
violence traz a dança nos movimentos de um lutador de artes marciais.
Notes
on Marie Menken
Notes on Marie
Menken Áustria/ EUA, 2007,
97'
Em Notes on Marie Menken Martina
Kudláček explora os detalhes pouco conhecidos da trajetória artística de uma
das pioneiras da vanguarda norte-americana do cinema, a artista plástica e
cineasta Marie Menken. O filme conta com entrevistas e depoimentos de artistas
e amigos próximos da realizadora como Kenneth Anger, Stan Brakhage e Jonas
Mekas.
Sadie
Benning
It wasn’t love EUA, 1992, 20'
Flat is beautiful EUA, 1998, 50'
Em It wasn’t love e Flat is beautiful
a cineasta Sadie Benning desenvolve performances e experimentações de linguagem
que discutem temas relacionados à orientação sexual, ao papel feminino no
cinema e à androginia, estabelecendo um comentário crítico acerca do desafio de
se discutir as questões de gênero em sociedade.
Sharon
Lockhart
Goshogaoka EUA/ Japão, 1997, 63'
Sharon Lockhart apresenta em
Goshogaoka a relação instigante entre o enquadramento de uma câmera fixa e a
série de movimentos coreografados por estudantes secundaristas em um ginásio de
uma escola suburbana do Japão.
Su
Friedrich
Gently down the
stream EUA, 1981, 14'
The lesbian avengers
eat fire, too EUA, 1993, 55'
O curta-metragem silencioso Gently
down the stream apresenta apenas imagens e texto, grafado na própria película,
que propõem, na apresentação de fragmentos poéticos, uma discussão sobre a
condição feminina. Em The lesbian avengers eat fire, too, Su Friedrich
documenta um grupo militante de mulheres lésbicas nos Estados Unidos. As
mulheres realizam manifestações em todo o país em luta por reconhecimento de
seus direitos e os das vítimas de atentado a fogo em suas próprias casas por
motivação homofóbica.
SERVIÇO
Mostra Mulheres
de Vanguarda
de 16 a 31 de julho de 2018
CINUSP
| Sala Paulo Emílio
Rua do Anfiteatro, 181 -
Colméia - Favo 4 - Cidade Universitária
GRÁTIS